Produzido pelo Media Lab Estadão, o evento virtual, com transmissão pelo YouTube, por meio do canal da TV Estadão, discutiu as novas tecnologias que vão colaborar para a neutralização de carbono no país.
Reunindo executivos de grandes empresas internacionais instaladas no país, como Toyota e Bosch, e representantes das indústrias de cana-de-açúcar, como UNICA e Raízen, o encontro Estadão Think mais uma vez foi sucesso, com a participação de milhares de internautas.
A diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, teve voz, em 05/10, e explanou sobre a “Neutralidade de carbono: metas e desafios da nova era da mobilidade”.
Segundo a ONU- Organização das Nações Unidas – Meio Ambiente, as emissões globais dos GEE – gases de efeito estufa precisam ser reduzidas, para que até 2030, o aumento de temperatura média da Terra fique entre 1,5°C e 2°C, limite considerado seguro pelos cientistas.
Como uma das formas de cooperar é neutralizar ou diminuir as emissões de carbono, o assunto está sendo cada vez mais discutido, principalmente pelo setor industrial.
Os debates começaram a partir do Acordo de Paris, em que 195 países firmaram o compromisso de cumprir metas que visam à redução da emissão de GEE na atmosfera e, a partir desse momento, as organizações têm buscado novas estratégias para alcançar as metas com foco na preservação do meio ambiente.
Segundo especialistas, incluir metas ambientais na rotina das companhias pode representar uma economia nos gastos e um ganho reputacional importante em um momento em que investidores e consumidores estão preocupados com a sustentabilidade.
Patrícia Iglecias destacou que o Brasil possui um histórico de uso de combustíveis renováveis, principalmente o etanol, o que coloca o país em uma situação favorável em termos de emissões de GEE, em comparação a outros. Ressaltou que São Paulo é um dos estados que mais utiliza etanol nos veículos flex, o que reduz drasticamente a emissão de CO2 – dióxido de carbono, conhecido como gás carbônico, um composto químico gasoso que provoca graves desequilíbrios no efeito estufa do planeta.
A dirigente da companhia ambiental defendeu a introdução da eletromobilidade no setor automotivo e a necessidade de se ampliar, cada vez mais, os investimentos em motores elétricos. “Os veículos híbridos se tornam uma solução interessante, integrando a tecnologia já consagrada do motor a combustão, principalmente a base de etanol, com os avanços tecnológicos dos sistemas elétricos”, afirmou.
A mesma posição é compartilhada por Thiago Sugahara, gerente de Assuntos Governamentais da Toyota Brasil e Claudio Vieira, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Raízen, que veem no aumento da oferta de veículos híbridos ao mercado consumidor o grande avanço que o setor industrial dará rumo à descarbonização.
“Os veículos híbridos reduzem em 40% as emissões de carbono na atmosfera”, ressaltou Sugahara. Para Claudio Vieira, o Brasil conta com um parque de bioenergia suficiente, nome dado à energia obtida por meio da biomassa, no caso, advinda da cana-de-açúcar, para atender a futura demanda.
Patrícia Iglecias frisou a dedicação da CETESB no licenciamento de outras importantes fontes de geração de energia limpa, como a da captação de biogás de aterros sanitários e da vinhaça, resíduo pastoso resultante da destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado, para a obtenção do etanol, além de pedidos para projetos envolvendo produção e uso de Combustível Derivado de Resíduos, os chamados CDRs, e pedidos para implantação de UREs – Usinas de Recuperação de Energia.
“É importante destacar os projetos de usinas fotovoltaicas no Estado. Só nos últimos anos, de 2019 a 2021, a CETESB licenciou usinas que juntas totalizam um potencial instalado de 1.687 megawatts”, disse, anunciando para ainda neste mês de outubro, a entrada em operação de novas usinas que totalizarão mais 394MW a serem ofertados ao sistema elétrico em São Paulo. “O restante já licenciado, de 1.045MW, provavelmente, será implantado nos próximos anos.” Completou Patrícia Iglecias.
As mudanças nos padrões de avaliação da qualidade do ar no estado, em consonância com as recomendações feitas pela OMS – Organização Mundial da Saúde, que desde 2013 vem adotando de forma gradual, factível e sustentável, com metas intermediárias e progressivas e o Plano de Controle de Emissões Atmosféricas, composto do Plano de Redução de Emissão de Fontes Estacionárias, em conjunto com o Plano de Controle de Poluição Veicular, foram outros avanços produzidos pela CETESB citados pela dirigente da agência ambiental paulista, para reduzir as emissões de poluentes na atmosfera.
Ao final do painel coordenado pela jornalista Michelle Trombelli, a diretora-presidente da CETESB citou outras importantes iniciativas, como o desenvolvimento do Acordo Ambiental São Paulo, em que empresas ou municípios assumem o compromisso voluntário de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa – atualmente já conta com 777 aderentes, inclusive do setor industrial da cana-de-açúcar – , e a instalação da Câmara Ambiental de Mudanças Climáticas, para apoiar técnica e institucionalmente o Acordo Ambiental SP. “Por sinal, iniciativas que serão levadas à COP 26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em novembro, em Glasgow, na Escócia.