“Elas e as Mudanças Climáticas” foi o encontro virtual promovido pela CETESB e que reuniu seis mulheres influentes para conversar sobre mudanças climáticas. A moderadora foi a diretora-presidente da Companhia, Patrícia Iglecias, que trajando rosa, assim como as outras participantes, lembrou da campanha efetivada no mês de outubro de conscientização do controle do câncer de mama.
O encontro teve as participações de Bia Doria – primeira-dama do Estado de São Paulo e presidente do Conselho do Fundo Social de São Paulo; Patrícia Ellen – secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; Marina Grossi – presidente do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável; Andrea Santos – vice-coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e secretária-executiva do Painel de Mudanças Climáticas; e Cristiane Foja – presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas – ABRABE.
Patrícia Iglecias, que além de dirigente da CETESB é professora da Faculdade de Direito da USP e ex-secretária de Meio Ambiente do Governo do Estado, entre outras atividades, fez uma breve introdução ao debate, abordando o tema da “Redução da desigualdade de gênero: ODS 5 e Mulheres em Posição de Direção”.
Discorrendo sobre a ONU e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODSs, ela comentou que, há mais de 70 anos, em 1948, surgia a Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhecendo as famílias como uma unidade fundamental da sociedade, requerendo proteção e assistência. Mencionou a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação contra Mulheres, de 1979.
Destacou que somente seis das 187 nações analisadas em pesquisa do Banco Mundial, intitulada “Mulheres, Negócios e a Lei”, estão em paridade total entre homens e mulheres. Foram examinados 10 anos de dados de desigualdades, sendo que apenas a Bélgica, a Dinamarca, a França, a Letônia, Luxemburgo e a Suécia foram avaliadas como localidades onde existe igualdade de gênero em todos os quesitos.
Enfatizou o programa da ONU Mulheres “He for She”, “um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais, que impedem as mulheres de atingir seu potencial e ajudar os gêneros a modelarem juntos uma nova sociedade”.
Comentando, ainda, sobre as mulheres no Brasil, destacou a desigualdade existente em várias esferas e situações, mas lembrou de avanços, como no estado de São Paulo, onde, no governo paulista, atualmente, há quatro secretárias de Estado e uma presidente de empresa. No caso específico da CETESB, seu Conselho de Administração conta hoje com quatro mulheres, sendo que, dos 1.687 funcionários da Companhia, 738 são mulheres, sendo 110 no Corpo Gerencial.
Bia Doria, que também é artista plástica, com prêmios internacionais, encontra na natureza a matéria-prima e esculpe resíduos de floresta de manejo, árvores nativas resgatadas de queimadas, desmatamentos, fundo de rios e barragens. Falando sobre os desafios de encarar vários papéis de importância, ela explicou que acaba agindo por prioridades e que o tema ambiental é um dos seus preferidos, até em função do convívio tão próximo que sempre teve junto à natureza.
Nesse sentido, chamou a atenção para a criação das praças e parques da cidadania, em sua gestão à frente do Fundo Social. “Atuamos em áreas carentes, onde levamos em primeiro lugar uma proposta de recuperação ambiental, para que se possam ter árvores e sombras, enfim, locais de lazer”. Para ela, através da educação ambiental se consegue transformar a sociedade, sempre com um olhar para a natureza e respeitando as origens das pessoas.
Andrea Santos lembrou que, à época da própria concepção do Painel de Mudanças Climáticas, houve uma preocupação com a igualdade de gêneros. “Buscamos esse equilíbrio”, disse. Sobre o Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, do qual faz parte como autora colaboradora em sua sexta edição, entretanto, ela admite que, embora se busque não só a igualdade de gêneros, como também a representatividade das regiões geográficas, as desigualdades são grandes. “Então, a questão do gênero ainda é um problema, um obstáculo para o desenvolvimento do Brasil”, opinou.
Por sua vez, Cristiane Foja comentou que o setor de bebidas alcoólicas é dominado por um ambiente tradicionalmente masculino, mas que a presença de mulheres é crescente e notável, em especial na logística reversa. “Trabalhamos com mais de 100 cooperativas de catadores e a maioria de seus colaboradores são mulheres, muitas inclusive são dirigentes das cooperativas”, informou. A presença feminina na ABRABE é predominante, correspondendo a cerca de 85% dos funcionários. “Hoje, o nosso cenário é muito positivo”, declarou, ressaltando ainda que a indústria do vidro está emitindo 31 mil toneladas menos, por ano, de gases de efeito estufa.
Marina Grossi falou da importância do Acordo Ambiental São Paulo, lembrando que o CEBDS foi um dos primeiros aderentes do acordo, que visa incentivar empresas e setores empresariais a assumirem compromissos voluntários de redução de emissão de gases de efeito estufa. Enfatizou que a sustentabilidade passa pela paridade de gêneros e que são necessárias ações afirmativas. Lembrando a condição privilegiada das mulheres líderes e bem-sucedidas em suas áreas, participantes da live, exortou as mulheres em geral a buscarem esse sucesso. Só assim, segundo ela, se avançará para o futuro desejado.
No que concorda Patrícia Ellen, que complementou que a inércia só provoca a exclusão das mulheres de posições de direção e liderança. Ela salientou que, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, há três frentes de busca de igualdade de gêneros, nas áreas de empreendedorismo, tecnologia e liderança. Para ela, a pandemia escancarou a realidade de desigualdades no Brasil, em especial de gêneros, que precisa ser encarada e resolvida. “Um legado que devemos almejar é, enfrentando as desigualdades, colocarmos mais mulheres na liderança, o que será totalmente positivo”.
Por fim, Patrícia Iglecias ressaltou que “se queremos um mundo sustentável, devemos lutar para transformar o que temos, seguindo a regra na Constituição Federal Brasileira, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que depende da atuação de cada uma de nós”. Por isso, conforme enfatizou, após passar pelos tempos de grandes revoluções, “hoje o tempo é de micro-revoluções e até de revoluções individuais”.
Referindo-se às convidadas da live, concluiu: “Retratamos hoje histórias de mulheres que fazem a diferença na pauta ambiental e social. Guerreiras na luta pelo gênero feminino e nos seus desafios, que são muitos e múltiplos. Desejo que possamos avançar nessas pautas exercendo uma influência em nossas áreas, no nosso contexto, da forma como podemos. Uma mulher em posição de liderança deve ser uma influência em prol da sustentabilidade, da igualdade de gênero e no avanço da Agenda Climática”.
Um agradecimento especial para Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento – ABRAVA, que cedeu o link para realização da Live. A ABRAVA aderiu ao ACORDO AMBIENTAL SÃO PAULO em seu lançamento. Trata-se de uma parceira da CETESB há mais de 25 anos, principalmente na luta pelo banimento dos CFCs no Estado.