Os riachos de cabeceira possuem um conjunto de seres vivos peculiares que desaparecem à medida que o ambiente onde vivem se modifica pela ação do homem.
Você gostaria de ser um guardião da natureza e analisar a vida de pequenos córregos, riachos e ribeirões? O procedimento é fácil. Técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CETESB criaram uma cartilha, de acessoonline, que ensina como monitorar esses ambientes aquáticos.
Trata-se do biomonitoramento participativo, que não inclui, para a obtenção de resultados, análises físicas, químicas ou microbiológicas. Por se tratar de ambientes frágeis, dependentes das matas ciliares, a percepção sensorial e a observação do grau de degradação, somados a avaliação do conjunto de seres vivos presentes na água, são suficientes para um diagnóstico de sua qualidade.
Para a diretora-presidente da CETESB, Patrícia Iglecias, a publicação contempla uma das atribuições da Companhia, de transferir o conhecimento. “Dentro da política de portas abertas compartilhar informações é uma meta. A publicação coloca a comunidade como parceira na questão de preservação ambiental,” explica.
A cartilha foi baseada em uma proposta da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e em outros programas desenvolvidos de biomonitoramento participativo. O primeiro passo é acessar o link, ler atentamente o material e escolher o corpo hídrico. Depois, munido do “kit de biodiversidade”, – pinça, lupa, frascos, bandejas -, de baixo custo e de fácil aquisição, partir para exploração.
“Minha atuação como engenheiro reforçou, ao longo dos anos, a importância do levantamento de dados biológicos e sua aplicabilidade na gestão ambiental. Vejo a cartilha como uma forma simples, tanto do entendimento da pertinência dos indicadores biológicos, como de sua aplicação pelas comunidades locais para avaliar a qualidade das águas,” declara Carlos Roberto dos Santos, diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental.
A ferramenta pode ser utilizada, também, como material didático. Os professores podem incentivar os alunos a formarem expedições, depois de uma leitura criteriosa do material online. Contudo, deve-se ter um cuidado especial nas atividades desenvolvidas em campo, principalmente para se evitar riscos de queda, afogamentos, ou contato com animais peçonhentos. “A participação comunitária na análise do meio ambiente cria uma atitude de respeito e proteção aos recursos naturais,” frisa Patrícia Iglecias.
Para Mônica Luísa Kuhlmann, bióloga do setor de comunidades aquáticas e uma das criadoras da publicação, “O biomonitoramento participativo é uma ação de fácil aplicação, que envolve o cidadão leigo na problemática ambiental ao capacitá-lo na geração de dados.” explica.
A mesma metodologia também pode ser aplicada como ferramenta de gestão em áreas protegidas. Nesse caso, é preciso realizar um treinamento de amostragem e identificação dos organismos, para a garantia da qualidade do resultado.
Para tirar dúvidas ou relatar/enviar seus resultados, está disponível o e-mail: CETESB – Biomonitore Riachos/CETESB/BR (biomonitore.riachos@sp.gov.br).
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Texto: Cristina Couto.
Revisão: Cristina Leite