Você está visualizando atualmente Gestão de resíduos na Coreia do Sul é surpreendente, diz Jussara Carvalho 

O Banco Mundial patrocinou, no período de 7 a 9 de junho último, em Seul, na Coreia do Sul, o Workshop Políticas e Instrumentos de Mudanças Climáticas e Finanças Climáticas, com a participação de representantes de órgãos de vários países.

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) foi representada pela engenheira Jussara de Lima Carvalho, da vice-presidência, que participou de três cursos de capacitação realizados “online” por meio da plataforma “Open Learning Campus – OLC”, abordando temas como financiamento inovador para o desafio das mudanças climáticas, instrumentos políticos para ações de baixa emissão e planejamento de investimentos para a baixa emissão.

A conclusão e a certificação nos três cursos foram pré-requisitos para a participação no “workshop” patrocinado pelo governo coreano por intermédio do KEITI, instituto de ambiente e tecnologia ambiental.

Jussara

 

Segundo Carvalho, o Banco Mundial escolheu a Coreia do Sul para sediar o evento “por ter o que mostrar”. E ela constatou que, realmente, o país asiático fez avanços notáveis na área de saneamento ambiental. “Fizemos várias visitas a estações de tratamento de água, esgoto e resíduos, as quais, embora utilizando processos conhecidos, foram combinados de forma inteligente de acordo com a realidade local, privilegiando a eficiência do uso dos recursos e dos sistemas operacionais, buscando a redução das emissões de gases de efeito estufa, atendimento aos padrões de lançamento na atmosfera, no caso dos incineradores, no corpo hídrico, no caso do esgoto doméstico, ou ainda na gestão de resíduos e da geração de energia”, explicou.

Outro aspecto que chamou a atenção da engenheira foi a preocupação com os aspectos sociais dos projetos. “Este é um grande diferencial, enfatizou, as áreas utilizadas são transformadas em parques para o desfrute da população, espaços para exposições culturais, cultivo de flores, quadras de futebol, campos de golfe e outros.” Lembra, ainda, que a participação da comunidade é também muito forte, desde a escolha dos processos adotados até a destinação das áreas após a conclusão das obras.

Os projetos buscam a ocupação racional dos espaços, optando-se por áreas operacionais subterrâneas para liberar a superfície para o uso da população, além de revitalizar e valorizar locais antes degradados. Dessa maneira, essas estações estão próximas de bairros residenciais sem causar incômodos como odores, ruídos e outros.

Das unidades visitadas, a única exceção foi o complexo ambiental e energético Sudokuon, ou Dream Park – Waste to Energy, que não é subterrâneo. Trata-se do maior aterro sanitário do mundo, “que impressiona pelo tamanho, pela diversidade de operações e pela qualidade da operação”, afirma Carvalho.

O complexo, que atende a várias cidades da região, recebe resíduos domésticos, industriais, entulhos, lodo de estações de esgoto e lixo orgânico. Vários processos são desenvolvidos no local. No aterro sanitário, há o aproveitamento dos gases para a geração de eletricidade atendendo a 100.000 famílias, produzindo lucro de US$ 33 milhões anuais. O chorume, tratado, também gera energia.

Os resíduos industriais são aproveitados para a produção de 210.000 toneladas de combustível sólido, denominado CDR (combustível derivado de resíduo), que é vendido a plantas térmicas para geração de eletricidade, trazendo lucro de US$ 1,6 milhão. Os resíduos orgânicos são transformados em ração para animais e também geram energia no processo.

A operação do aterro sanitário é surpreendente, na opinião da engenheira. São 60 hectares de área, onde estão instaladas células de cinco metros de altura, e “as operações de distribuição dos resíduos e a sua cobertura se dão numa sincronia tão perfeita que não se vê restos de lixo em nenhum momento”, disse. Nesse complexo, há ainda um centro de pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias tendo já vários processos patenteados.

Uma curiosidade que Carvalho destaca: “Os dutos de biogás são camufladas como palmeiras e, à distância, juntamente com as florestas plantadas nas células já encerradas, formam um lindo visual”. Tudo isso, salienta a engenheira, com o aval da população que rejeitou a proposta inicial de um incinerador, levando as autoridades a apresentar uma nova alternativa.