Você está visualizando atualmente Técnicos da Cetesb compartilham experiências vividas na base brasileira na Antártica

Antartida Interna 03

A engenheira química Danielle da Silva Martins, do Setor de Reutilização de Áreas Contaminadas, e o técnico Jessé Soares Alves, do Setor de Avaliação e Auditoria de Áreas Contaminadas, ambos do Departamento de Áreas Contaminadas, da Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental da Cetesb, fizeram uma apresentação, em 3 de maio, sobre o recente trabalho desenvolvido na Antártica. A apresentação aconteceu ao final da 3a Reunião Mensal da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da Cetesb, no auditório Augusto Ruschi, na sede da Companhia.

Jessé e Danielle foram para a Antártica em janeiro deste ano e retornaram a São Paulo no início de março, na quarta campanha de monitoramento e amostragem de solo, na base brasileira Comandante Ferraz, desde o incêndio ocorrido na estação em fevereiro de 2012. Os trabalhos de investigação da contaminação do solo e consequentes orientações para a remediação necessária são realizados em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente. A primeira campanha com participação de funcionários da Cetesb ocorreu no final de 2012, para acompanhar os trabalhos de desmonte da estação, no âmbito das ações emergenciais em consequência do acidente. Desde então, técnicos do Departamento de Áreas Contaminadas têm ido à Antártica, anualmente, para coletas de amostras e orientação dos trabalhos de remediação.

Danielle e Jessé compartilharam, com os presentes à apresentação na reunião da Cipa, um pouco das experiências vividas nesta última campanha, em que eles tiveram pela frente constantemente vários desafios, principalmente ligados às condições climáticas do continente antártico, incluindo mudanças bruscas e nevascas, que dificultaram e postergaram as atividades programadas, em distintas situações.

Por outro lado, como contaram, essas situações servem para reforçar a união e estreita cooperação e solidariedade entre todos os integrantes das várias equipes de técnicos e especialistas de outros países, que se encontram na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, arquipélago Shetland do Sul, onde se localiza a estação brasileira de pesquisas, para efetivar outros trabalhos. Conforme Danielle e Jessé, inclusive, todos os membros das equipes, sem exceção, ajudam nas tarefas de limpeza das estações.

Desta vez, eles coletaram amostras do solo a até dois metros de profundidade, nas proximidades e no local onde ficava a estação incendiada. As amostras foram trazidas e estão sendo analisadas nos laboratórios de química orgânica e inorgânica da sede da Cetesb, em São Paulo.  A previsão é de que os resultados saiam até junho próximo. As amostras das campanhas anteriores revelaram a redução nas concentrações de dioxinas e furanos, contaminantes liberados no incêndio. A concentração média nos sedimentos das áreas avaliadas durante a primeira delas girou em torno de 72,7 ng/kg (nanogramas/kg). Já a segunda campanha apontou 32,9 ng/kg, abaixo dos 45,6 ng/kg, padrão estabelecido pela EPA, agência ambiental dos Estados Unidos.

Há, ainda, contaminação por vazamento de combustível, das operações de abastecimento de máquinas e veículos. Por isso, a nova estação brasileira, que está sendo construída, prevê a modernização do sistema de abastecimento dos equipamentos, para evitar esse problema. Por enquanto, a recuperação desse solo é feita por meio de biopilha, desenvolvida pela Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Minas Gerais, que estimula a atividade bacteriana no solo e promove a degradação dos contaminantes em compostos não tóxicos.

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Texto: Mário Senaga