O Setor de Comunidades Aquáticas (ELHC) da CETESB, realizou de 1 a 3 de dezembro, um treinamento para avaliar a qualidade de riachos a 23 funcionários da Fundação Florestal e do Instituto Florestal e monitores dos núcleos Santa Virgínia e Cunha, do Parque Estadual da Serra do Mar. Segundo os biólogos Hélio Rubens Imbimbo e Mônia Kuhlmann, responsáveis pelo treinamento, os ecossistemas aquáticos continentais sofrem crescentes pressões antrópicas que ameaçam sua biodiversidade, e o biomonitoramento é a ferramenta mais adequada quando se busca a manutenção da qualidade de água para a preservação da biota aquática.
Em rios e riachos, a comunidade de macroinvertebrados aquáticos, constituída principalmente por anelídeos, moluscos, crustáceos e insetos, é a mais utilizada para este fim, adequando-se à avaliação preventiva de possíveis danos à biodiversidade de ambientes preservados, como os recursos hídricos contidos em unidades de conservação, dentro da qual se espera que o patrimônio biológico seja mantido.
O treinamento faz parte da atividade “Adequação de metodologia de avaliação de impacto de atividade de ecoturismo utilizando dados de bentos ribeirinho”, do projeto “Atualização e Aperfeiçoamento de Metodologias Analíticas”, coordenado pela Dra. Maria Inês Zanoli Sato, do Departamento de Análises Ambientais (EL), e tem como um de seus objetivos o estabelecimento de um Protocolo de Biomonitoramento Simplificado, que poderá ser utilizado como ferramenta de gestão por Unidades de Conservação, especialmente aquelas onde correm cursos de água que nascem fora da unidade ou servem como marco de seus limites e sofrem as consequências de impactos antrópicos na bacia. Além disso, o método pode ser utilizado como instrumento para a Educação Ambiental.
Após uma aula teórica, os alunos fizeram um primeiro reconhecimento dos organismos que compõe a fauna de macroinvertebrados aquáticos, ainda na sala de aula, utilizando espécimes preservados em álcool. Em campo, utilizando os kits de biodiversidade da CETESB, coletaram os organismos e aplicaram o índice IBVol (Índice Biológico para Voluntários) desenvolvido pelo Dr. Daniel Buss, da FIOCRUZ/RJ, em dois riachos com diferentes condições de qualidade: o córrego Pau de Bala, protegido pelo núcleo Santa Virgínia e o córrego Cachoeirinha, no bairro Catuçaba, em São Luís do Paraitinga.
Para o pedagogo e agente de apoio à pesquisa do núcleo Cunha, Ivail Roberto de Toledo, “a dinâmica e a logística do curso, conduzido de forma simples e objetiva, permitiu que todos os participantes, independente de sua formação, adquirissem os conhecimentos básicos necessários ao uso do método”, e completou, “espero que este trabalho continue, porque já acrescentou muito e poderá contribuir ainda mais para a preservação dos rios”. A geógrafa e monitora há seis anos do núcleo Santa Virgínia, Fernanda Cristina de Barros, ressaltou que “o curso abrangeu áreas de pouca visibilidade, como a zona de amortecimento e mostrou a importância do uso do solo e do biomonitoramento para a qualidade de vida através da água, um recurso natural essencial para a vida como um todo”.
Para o gestor do núcleo Santa Virgínia, o engenheiro florestal João Paulo Vilani, “o treinamento propiciou momentos de grande interação e aprendizado para todos os participantes”. Segundo a bióloga da mesma unidade, Maria de Jesus Robim, “o método de biomonitoramento com macroinvertebrados aquáticos demonstrou ser um instrumento de avaliação de impactos de fácil aplicação em campo”. Ambos anseiam que, “a partir desta experiência e da continuidade do trabalho de monitoramento no rio Paraibuna e demais cursos d’água do PESM – núcleos Santa Virgínia e Cunha, esperamos que o grupo, sensibilizado nesta etapa, desenvolva ações de educação ambiental que aumentem o envolvimento e a participação da comunidade local no processo de recuperação e conservação de nossos recursos hídricos”.