O rompimento de três tanques, em 18.01, por volta das 12h00, na CRS Mineração, Indústria e Comércio Ltda., na cidade de Analândia, interior do Estado, provocou o vazamento de um volume ainda não estimado de lama no Córrego do Veado, através do qual o material já atingiu o Rio Corumbataí, localizado a 5 km a jusante, levando à paralisação de uma estação de tratamento de água, que abastece 60% da população do Município de Rio Claro.
Técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, junto com técnicos das prefeituras da região e de órgãos de defesa civil, estão monitorando o movimento da mancha de lama, e já alertaram a Prefeitura de Piracicaba para que sejam tomadas as devidas precauções para evitar danos no sistema de captação de água, localizado nesse rio e que abastece praticamente a totalidade da população desse município.
Segundo o engenheiro José Ferreira Assis, da Agência Ambiental de Piracicaba, da CETESB, os tanques, de aproxidamente 500 m2 cada um, formam um circuito fechado, servindo para a decantação do material sólido proveniente da água utilizada no desmonte hidráulico das áreas de lavra de areia. O rompimento dos diques teria ocorrido em decorrência das chuvas intensas que ocorreram na noite anterior.
O vazamento abriu uma cratera de mais de 20 m entre o último dique e o córrego de cerca de um metro de largura, localizado a cerca de 40 m, provocando também a queda de uma pequena ponte que dá acesso a uma propriedade e outra ponte na via que liga Analândia a Corumbataí.
A preocupação agora é de refazer os diques para que a lama que ainda permanece nos tanques não seja carreada pelas chuvas para o córrego. O engenheiro da CETESB tranquiliza a comunidade informando que o material vazado, em estado coloidal, não contém óleo, graxa ou qualquer outro produto tóxico.
Afirma, no entanto, que o impacto ambiental foi grande, afetando a mata ciliar no córrego junto aos diques e aumentando a turbidez das águas. A mancha de lama atingiu o ponto de captação de Rio Claro, localizado a cerca de 5 km, por volta das 20 horas, de 18.01, onde o monitoramento feito indicou que a turbidez chegou a até 40 mil UNT – Unidade Nefelométrica de Turbidez, que avalia a dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água.
Uma estação de tratamento, em condições normais, pode operar com água com turbidez em torno de 800 UNT. Assis salienta que a turbidez em um rio situa-se, usualmente, em torno de 17 UNT. Hoje, no ponto de captação em Rio Claro, o índice de turbidez era de 1.800 UNT, às 09h00, e 1.700 UNT, às 11h00. O engenheiro explica que a dissipação da mancha ocorrerá naturalmente, podendo ser acelerada caso ocorram mais chuvas.
A CETESB, após a conclusão do atendimento, vai avaliar as causas do acidente e a extensão dos impactos ambientais, inclusive o volume de material vazado, para definir possíveis autuações e as medidas a serem tomadas pela empresa para evitar novas ocorrências.
Texto
Newton Miura