A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB vai passar a exigir o cadastramento de granjas de suínos, da mesma forma que já ocorre com a atividade de avicultura. A medida constitui uma etapa obrigatória e anterior ao licenciamento, cujos critérios estão sendo discutidos na Câmara Ambiental do Setor de Suinocultura, órgão criado pela CETESB, do qual participam representantes do Estado e dos produtores.
O rebanho suíno brasileiro é apontado como o quarto maior do mundo, atrás da China, União Européia e Estados Unidos. Segundo o IBGE, o país possuía, em 2006, um rebanho de 35,2 milhões de cabeças, dos quais, 1,72 milhão no Estado de São Paulo. O setor comemorou, em 2008, a exportação de 529.419 mil toneladas de carne suína, 20% a mais que no ano anterior, propiciando uma receita de US$ 1,48 bilhão.
Os números, embora auspiciosos sob a ótica da economia, devem ser analisados com o devido cuidado considerando os impactos que a atividade causa sobre o meio ambiente.
Estima-se que um suíno com peso entre 16 e 100 kg, produz diariamente de 4,9 a 8,5% de seu peso corporal em urina e fezes, dependendo dos sistemas de manejo adotado e dos aspectos nutricionais.
Por este motivo que a Coordenadoria de Planejamento Ambiental –CPLA, por intermédio do Centro de Projetos e do Centro de Políticas Públicas, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SMA, em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a Prefeitura Municipal de Pedra Bela e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, organizou no dia 29 de abril passado, o treinamento “Tratamento de Dejetos da Suinocultura Via Sistema de Compostagem”.
A atividade faz parte das atividades da Câmara Ambiental do Setor da Suinocultura e integra o cronograma de ações do Projeto Entre Serras e Águas, desenvolvido por meio de um convênio entre o Departamento de Estradas de Rodagem – DER e a CPLA, com a finalidade de amenizar os impactos ambientais decorrentes da duplicação da Rodovia Fernão Dias.
Para Guilherme Xavier de Barros, gerente da Agência Ambiental de Capão Bonito da CETESB, que coordena o Grupo de Trabalho de Resíduos da Câmara Ambiental do Setor da Suinocultura, deverá ser criado um manual de procedimento para a atividade, disciplinando especialmente a disposição de efluentes no solo, o uso de biodigestores para a geração de energia e a compostagem dos dejetos.
A aplicação de dejetos suínos pode representar benefícios para a agricultura, substituindo os fertilizantes químicos que pesam na pauta de importações do país. No entanto, o uso continuado ou em excesso poderá causar danos ao solo, plantas e águas. Estudos apontam problemas como o aporte de elevadas concentrações de elementos químicos à água, como cálcio, nitrato, fósforo, cobre, zinco e ferro com consequências em todo o ambiente, com prejuízos para os agropecuaristas.
Veja aqui as palestras proferidas no “Treinamento sobre tratamento dos dejetos de suínos via sistemas de compostagem”, realizado no dia 29 de abril de 2010.
Texto
Newton Miura
Fotografia
Divulgação/CPLA