Os onze países da América Latina e Caribe que participaram do Treinamento Internacional “Atendimento a Emergências Químicas envolvendo POPs da Convenção de Estocolmo”, organizado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB e finalizado em 29.04, na capital, irão encaminhar, em 60 dias, um Plano de Ação de Emergência visando sua inclusão nos planos nacionais de implementação do tema.

Este foi o principal resultado do encontro que se iniciou em 19.04, e durou toda a semana, na sede da CETESB, no bairro de Pinheiros, reunindo 31 especialistas em atendimento a emergências químicas da Bolívia, do Chile, da Colômbia, da Costa Rica, do Equador, do México, do Panamá, do Paraguai, do Peru e do Uruguai, além do Brasil.

Os Poluentes Orgânicos Persistentes – POPs, como o aldrin, cloridano e DDT, e as dioxinas e furanos, constituem uma séria ameaça à saúde pública e ao meio ambiente, sendo considerados cancerígenos.

Por este motivo, o curso foi concluído com um simulado prático, dirigido pelos técnicos do Setor de Operações de Emergência da agência ambiental paulista, que teve lugar em um pátio aberto e um porão de um dos prédios da Companhia, onde foi idealizado o cenário de um acidente com resíduos químicos armazenados em um galpão de uma fazenda, onde vândalos teriam destruído e provocado um incêndio com embalagens de produtos de defensivos agrícolas que contêm POPs em sua composição. Por fim, os resíduos foram parar num córrego próximo, que abastece tanques de criação de peixes e, mais à frente, desemboca em um rio com captação de água de uma cidade.

Foi nesse cenário, com o porão com as luzes apagadas e fumaça produzida artificialmente, além de bombonas e sacos contendo supostos produtos químicos e inflamáveis, que entrou em ação a equipe de emergência formada pelos participantes do treinamento. Eles se organizaram previamente, montaram o plano de ação para combater o acidente, dividiram responsabilidades, interditaram via próxima, isolaram a área, impediram o acesso de população e curiosos, colocaram as vestimentas de proteção adequadas, adentraram o “galpão”, identificaram – dentro das possibilidades e no prazo o mais curto possível – os tais resíduos, passaram essas informações para outras equipes de apoio, definiram a melhor estratégia a seguir e, enfim, tomaram todas as outras providências emergenciais necessárias para sanar a ocorrência, de forma eficaz e com o menor prejuízo para a saúde pública e o meio ambiente.

Durante toda a ação, que durou cerca de uma hora, homens “invisíveis” do Setor de Operações de Emergência da CETESB, se misturavam entre os componentes do grupo, apoiando, orientando e complementando o trabalho, passando todas as informações pertinentes para o bom andamento da operação, do alto de sua experiência adquirida de longa data, desde o final da década de 1970, no atendimento de acidentes com produtos químicos e perigosos.

Essa experiência e apego pela missão que lhes foi confiada há tempos, além da união que se formou e se faz notar entre os técnicos da equipe, foi motivo de elogio pelo presidente da CETESB, Fernando Rei, que esteve presente no encerramento do curso. O dirigente aproveitou a ocasião para estimular os alunos a retornar para seus países, assumindo uma posição de liderança e fomentando novas adesões para tratar do tema do atendimento a emergências químicas, incluindo os próprios representantes dos setores produtivos, fabricantes dos produtos químicos.

No que recebeu plena concordância por parte de todos os presentes, que finalizaram suas participações no curso, tecendo inúmeros elogios ao treinamento, à organização, aos “professores” e à própria CETESB, entre outros comentários. “As técnicas ensinadas estão plenamente de acordo com o momento atual no cenário latino-americano e internacional das emergências químicas”, afirmou a engenheira agrônoma Suzane Sarmiento, do Centro de Estudos e Investigação de Impactos Socioambientais, da Bolívia.

“Acredito que saio daqui bastante capacitado para implementar diversos trabalhos em meu país, em relação a este assunto, em especial os POPs”, disse entusiasmado o químico Walter Savalla, da Costa Rica, coordenador da comissão nacional de emergências químicas formada em 2009. “Aprendemos muitas coisas da maior importância sobre os atendimentos a acidentes dessa natureza, fruto da rica experiência dos técnicos da CETESB, que trataremos de aplicar em nossos países”, concluiu o também engenheiro agrônomo Victor Mitre Mitre, funcionário do Ministério da Saúde do Panamá.

Segundo Lady Virginia Traldi Meneses, gerente do Setor de Instrumentos de Gestão Ambiental, Convenções e Acordos Multilaterais da Diretoria de Tecnologia, Qualidade e Avaliação Ambiental da CETESB, e principal responsável pela organização do treinamento internacional, o curso deu início efetivo às atividades da Companhia como Centro Regional da Convenção de Estocolmo para POPs, que inclui a prestação de assistência técnica, o fomento à gestão ambiental adequada de POPs e o suporte à construção de legislações aos países da América Latina e Caribe.
Texto
Mário Senaga