“Avaré livre do amianto”. As faixas, com estes dizeres, espalhadas pelas dependências da Auco Componentes Automobilísticos, na entrada da cidade de Avaré, interior do Estado, demonstram o clima de festa e alívio das pessoas presentes ao evento que marcou o início da retirada de cerca de 250 toneladas de amianto – material de alto risco à saúde e considerado cancerígeno – da antiga fábrica de pastilhas de freios automotivos.
Em 04.03, por volta do meio-dia, com a presença do secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, e do prefeito de Avaré, Rogelio Barcheti, entre outras autoridades, o amianto que foi deixado há 12 anos pela Auco, em um galpão deteriorado e desprotegido, e que permaneceu intocado nesse local principalmente em função de processo contra o proprietário da empresa que se arrastou por anos, começou a ser transferido, para um destino final adequado ambientalmente.
Quatro carretas, lotadas cada uma com cerca de 22 enormes sacos de nylon, contendo cerca de 1 tonelada de amianto em cada embalagem, saíram das dependências da antiga fábrica, em direção a cidade de Tremembé, onde seriam depositados em um aterro sanitário industrial para resíduos perigosos, licenciado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. A saída dos caminhões foi festejada com rojões, gritos e palmas, pelos presentes.
A transferência do amianto começou a se materializar há três meses, em dezembro de 2009, quando, com o apoio do secretário Graziano, o município de Avaré assinou contrato com a empresa WPA Ambiental para a remoção do produto.
A prefeitura obteve, então, o Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental – CADRI, emitido pela Agência Ambiental de Avaré da CETESB, e efetivou a programação da retirada do material, para ter início no prazo de 90 dias. Antes de ser colocado nas carretas, conforme a WPA, o amianto foi devidamente embalado, tomando-se todo o cuidado necessário, como o uso, pelos técnicos que procederam à operação, de equipamentos de proteção individual e outras práticas de segurança.
Xico Graziano lembrou que, assim como Avaré, o outro município paulista que estava tendo problemas com depósitos irregulares de amianto, Mogi das Cruzes, também começou a tomar providências para a retirada do material. “O Estado de São Paulo está demonstrando que não admite mais a presença desses resíduos tóxicos, que fazem mal à saúde da população e ao meio ambiente”, declarou.
Ele elogiou a iniciativa do prefeito Rogelio Barcheti e de sua secretária municipal de Meio Ambiente, Mirthes Yara Vieira, e frisou que Avaré está dando um exemplo ao país de como se faz política de meio ambiente municipal. Aproveitando a ocasião, anunciou e assinou documento oficializando o repasse, pelo Fundo Estadual de Controle de Poluição – FECOP, de R$ 500 mil para a instalação de uma usina de triagem e reciclagem de resíduos de construção civil em Avaré.
Na cerimônia para marcar a retirada do amianto estavam presentes especialistas do assunto, como a engenheira e auditora do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi, e o ex-vereador e médico hepatologista em Avaré, Benami Francis Dicler, além do deputado Marcos Martins, autor da lei estadual que proibiu o uso do amianto no Estado, o vice-presidente da Câmara Municipal de Avaré, Jair Canovas, e prefeitos da região.
Texto
Mário Senaga
Fotografia
José Jorge