O setor de graxaria, que produz matéria-prima para a fabricação de sabões, sabonetes e insumos para a indústria química, além de farinhas de proteína e de cálcio de origem animal e adubos, coleta e processa 8,8 milhões de toneladas/ano de sangue, ossos, cascos, chifres, gorduras, aparas de carne, vísceras e animais condenados pela inspeção sanitária, descartados por abatedouros e frigoríficos.
A receita gerada pela atividade é da ordem de R$ 3,5 bilhões. E o horizonte para a sua expansão se abre com os novos estudos que apontam alternativas de aproveitamento desses insumos na obtenção de biogás e biodiesel, entre outras substâncias, mantendo o vigor próprio de um país que possui o maior rebanho bovino do mundo com 191,2 milhões de cabeças, além de ser o quarto maior produtor mundial de suínos e o terceiro de frangos.
Os dados são do Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal – SINCOBESP, que vai realizar nos dias 25 e 26 de março próximos, em parceria com a Embrapa Suínos e Aves, o IX Workshop sobre Subprodutos de Origem Animal e a V FENAGRA – Feira Nacional de Graxarias, no auditório da Fecomércio, na Rua Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, em São Paulo.
Dirigido a empresários, técnicos e profissionais do setor, o evento tem a finalidade de promover a atualização de conhecimentos e reciclagem da atividade, proporcionando a oportunidade de contato com novas tecnologias e equipamentos.
Fernando Rei, presidente da CETESB, participará da abertura do encontro, no dia 25, ás 14h00. Outra participação da Agência Ambiental será do técnico José Wagner Faria Pacheco, que vai proferir, no dia 26.03, às 9h00, uma palestra sobre Produção Mais Limpa e Boas Práticas na Indústria de Graxaria, para ilustrar ações industriais sustentáveis que promovem a economia de insumos como água e energia, além de reduzir os volumes de resíduos, evitando o seu descarte no meio ambiente.
Além disso, a CETESB terá um estande na V FENAGRA – Feira Nacional de Graxarias, para a distribuição de folhetos, apresentação de projetos e outros materiais, como a agenda de cursos e treinamentos, além de apresentar o seu novo DVD institucional para os presentes.
Poluição
A estimativa de produção do setor de graxaria é expressiva, justificando a preocupação com o impacto sobre o meio ambiente. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, de 2006, o país abate anualmente 45,5 milhões de cabeças de gado bovino, produzindo 1,38 milhão de toneladas de sebo e gordura e 1,89 milhão de toneladas de farinhas de carne e ossos.
Abate ainda 34,5 milhões de cabeças de suínos, produzindo 194 mil toneladas/ano de sebo e gordura e 239 mil toneladas/ano de farinhas de carne e de ossos. O Estado de São Paulo, apesar de deter apenas 6% do rebanho bovino nacional, responde por 16% dos abates do país, ocupando o segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas do Mato Grosso.
As principais regiões produtoras do Estado são Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Araçatuba e Bauru, onde também se concentram as indústrias de graxaria.
Os principais impactos ambientais da atividade referem-se ao consumo de água e energia. Segundo Portaria N° 210, de 10 de novembro de 1998, da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura e Abastecimento, o consumo médio de água em matadouros avícolas poderá ser calculado tomando-se por base o volume de 30 litros por ave abatida, incluindo-se aí o consumo de todas as seções do matadouro.
Já em relação aos suínos, o volume de água chega a cerca de 850 litros por suíno abatido, semelhante ao do abate de uma cabeça de gado bovino.
Impactos Ambientais
A emissão de substâncias odoríferas é um dos principais impactos das graxarias, pois o próprio processo de cozimento ou digestão da matéria-prima utilizada é uma fonte significativa de substâncias responsáveis por emissão de odores. Em alguns processos, com o aquecimento da matéria há formação de compostos com baixo limite de percepção de odor, como gás sulfídrico, sulfetos de metila e dimetila, mercaptanas, di- e tri-metilamina, dimetilpirazinas, butilamina, amônia, escatol e outros.
Texto
Newton Miura
Foto
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