As ações contínuas de saneamento adotadas na Região Metropolitana de São Paulo colaboram com uma tendência de queda da quantidade de matéria orgânica, que sai da bacia do Alto Tietê, por seu trecho final, na cidade de Pirapora do Bom Jesus. Em 2022, essa carga orgânica média estimada teve uma redução em torno de 40%, com relação à última década.
Essas e outras informações integram o novo relatório estadual de Qualidade das Águas Interiores, produzido pela CETESB, com dados coletados até o final de dezembro de 2022. A qualidade das águas avaliada pelo IQA- Índice de Qualidade das Águas, que considerou o mesmo universo de pontos do período de 2017 a 2022 – 386 pontos-, apresentou as classificações Ótima, Boa e Regular em 81% dos pontos monitorados, mantendo o patamar de qualidade dos últimos cinco anos.
No Rio Pinheiros, um dos principais afluentes do Tietê, a qualidade no ano passado manteve a tendência de melhora do IQA em todos os trechos monitorados. Destaca-se o trecho no canal superior de Pedreira, que vai da Usina São Paulo até a Usina Pedreira, onde o IQA atingiu a categoria BOA, condição inédita desde o início do monitoramento realizado pela CETESB, em 1979.
No Programa Novo Pinheiros, foi identificado um aumento progressivo nos níveis de OD – Oxigênio Dissolvido, entre 2018 e 2022, tanto no trecho superior, como no trecho inferior, que vai da Barragem do Retiro até a Usina São Paulo, com destaque para o trecho superior – Pedreira, onde a concentração média de OD supera o padrão estabelecido pela legislação, maior que 2,0 mg/L, desde 2018.
Para Fábio Netto Moreno, gerente da divisão de Qualidade das Águas e do Solo, a avaliação da qualidade das águas dos corpos hídricos paulistas e das fontes poluidoras de origem doméstica, em 2022, indicou que o avanço das ações de saneamento, que se destinam ao aumento da porcentagem do tratamento de esgotos domésticos, reduziu a carga orgânica que é exportada para o Médio Tietê.
CETESB no Integra Tietê
No programa Integra Tietê cabe a Companhia Ambiental continuar o trabalho de monitoramento. O indicador de acompanhamentos do Programa será o parâmetro COT – Carbono Orgânico Total, método de medida direta da concentração de matéria orgânica, preciso e ágil. Avaliar a carga orgânica é primordial para garantir concentrações de oxigênio dissolvido nas águas, que influi no cheiro, aparência e potencial de vida de um rio. Como relação ao indicador selecionado a CETESB fará um acompanhamento mensal da carga de COT na saída da bacia do Alto Tietê, na barragem de Edgar de Souza; e trimestral da concentração de COT dos afluentes monitorados.
Para o diretor-presidente da CETESB, Thomaz Toledo, “a gestão adequada da carga orgânica e de nutrientes lançadas nos corpos d´água do Estado, envolve uma discussão ampla no âmbito dos comitês de bacias hidrográficas. As políticas de desenvolvimento urbano, saneamento e recursos hídricos, adoção de boas práticas agrícolas, bem como ações de controle de poluição em nível municipal e estadual exigem a efetiva participação e articulação de instituições públicas e da sociedade civil organizada.”
O Programa Integra Tietê vai investir em ações de saneamento nos municípios mais populosos do Estado, com destaque para a macro metrópole paulista, que ainda possui índices de tratamento de esgotos distantes da meta da universalização.