“Por hoje, desejo um feliz dia da mulher…até que possa desejar apenas um feliz dia do ser humano!” Patrícia Iglecias.
Segundo dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, publicados antes da atual pandemia da COVID-19, a igualdade de gênero poderia agregar 12 trilhões de dólares ao PIB global até 2025.
O efeito seria especialmente benéfico para os países menos desenvolvidos, que hoje são mais impactados diretamente pela limitada participação feminina no mercado de trabalho.
Com a pandemia de COVID-19, a discrepância ficou mais acentuada, pois muitas mulheres perderam seus postos de trabalho já que a grande maioria das atividades da economia do cuidado, como serviços domésticos, cuidadores, etc., é desempenhada pelo gênero feminino. Outras tiveram que deixar o trabalho para monitorar pessoas, como pais idosos ou filhos pequenos.
A ONU – Organização das Nações Unidas estima que a igualdade entre homens e mulheres só será totalmente alcançada daqui a 81 anos. De acordo com a ONU, os avanços ocorrem em vários países, muito lentamente. Mesmo entre os líderes da avaliação, os países nórdicos, nenhum alcançará as metas previstas em 14 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Entre os 129 países que compuseram o ranking, o Brasil ficou em 77º lugar – na América Latina, atrás de países como Uruguai (32º), Chile (39º), Costa Rica (44º), Argentina (47º), Paraguai (55º) e Colômbia (57º).
Tal situação é grave já que, pelos dados da PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a população brasileira é composta por 51,8% de mulheres e 48,2% de homens. Além disso, na população com 25 anos ou mais, 19,4% das mulheres tinham nível superior completo, já entre os homens a taxa era de 15,1. Apesar de mais instruídas, as mulheres ocupavam 37,4% dos cargos gerenciais e recebiam 77,7% do rendimento dos homens. Apenas para reforçar a questão, em 2020, entre os vereadores eleitos, 16% eram mulheres. E temos apenas duas mulheres entre os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal.
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, que formam um conjunto de metas a serem cumpridas até 2030 pelos 193 países das ONU. Apesar de ser um objetivo específico na agenda mundial, a igualdade de gênero é um tema transversal que não se restringe às mulheres. O Objetivo 5, sobre igualdade de gênero, tem 14 indicadores, demonstrando que um mundo mais sustentável passa, necessariamente, pelas questões de gênero.
O selo WOB é uma iniciativa, apoiada pelo Programa ONU Mulheres, que visa reconhecer boas práticas em ambientes corporativos e a diversidade em posições de liderança. A CETESB foi a primeira empresa pública do Estado de São Paulo a receber o WOB por ter duas mulheres no Conselho de Administração. Reconhecendo a necessidade de continuar avançando, esse número foi ampliado para quatro, uma representatividade de gênero de 35%. Nosso corpo gerencial é composto por 44% de mulheres.
A Diretoria Colegiada estabeleceu normas e critérios para eventos a serem realizados na CETESB, de modo que haja diversidade ampla de gênero. Exige-se, na composição das mesas de expositores, debatedores, mediadores e oradores em geral, no mínimo, 25% dos participantes do gênero feminino.
Para a redução da disparidade de gênero é necessário que políticas públicas sejam implantadas com o objetivo de mudança de comportamento na sociedade, bem como atendimento a diversos fatores como, por exemplo, a necessidade de famílias monoparentais nas quais a mulher é o único chefe de família, encontrando maiores dificuldades para poder trabalhar e cuidar dos filhos, bem como políticas afirmativas para que mais mulheres estejam em posições de direção.
Além disso, temos que pensar na educação de meninos e meninas. O Programa He for She da ONU é um exemplo de “um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e ajudar homens e mulheres a modelarem juntos uma nova sociedade”. A postura dos homens e meninos será fundamental para alcançarmos o objetivo maior de que todos tenham as mesmas oportunidades.
Por hoje, desejo um feliz dia da mulher…até que possa desejar apenas um feliz dia do ser humano!
Patrícia Iglecias – diretora – presidente
Outras matérias:
Para recordar fotos da comemoração do Dia Internacional da Mulher na CETESB, em 2019.