Sabões e detergentes são surfactantes, ou seja, possibilitam que substâncias não polares, como óleo e graxa se emulsifiquem, e sejam lavados (removidos) com um solvente polar, a água. Surfactantes são substâncias que aumentam a solubilidade de uma substância em outra(8). Os surfactantes podem alterar a permeabilidade das brânquias dos peixes, prejudicando a troca gasosa e eventualmente causando morte por asfixia.
Em 1985, o Brasil aprovou a Lei n° 7.365(9), que regulamentou a produção de detergentes que não fossem biodegradáveis. Os detergentes contêm aditivos: polifosfatos, agentes trocadores de íons, carbonato de sódio, silicato de sódio para evitar a corrosão, amido, antiespumantes, espessantes, agentes de suspensão, carboximetilcelulose, clareadores, branqueadores óticos, amaciantes de tecidos, enzimas, fragrâncias, corantes e diluentes.
Destes materiais os polifosfatos têm causado as maiores preocupações como poluente ambiental, por causa do fenômeno da eutrofização. Para aumentar a eficiência dos detergentes tem-se aumentado o uso de enzimas, que podem substituir os cloretos e os fosfatos, diminuindo as conseqüências danosas ao ambiente.
As descargas indiscriminadas de detergentes nas águas levam à formação de espumas, como ocorre no Rio Tietê ao longo das cidades de Santana do Parnaíba, Salto e Pirapora do Bom Jesus. Um dos casos mais críticos de formação de espumas, talvez no mundo inteiro, ocorre no Município de Pirapora do Bom Jesus, no Estado de São Paulo, que se localiza às margens do Rio Tietê, à jusante da região metropolitana de São Paulo, e recebe seus esgotos em grande parte sem tratamento. A existência de corredeiras leva ao desprendimento de espumas que formam continuamente camadas de pelo menos 50 cm sobre o leito do rio. Sob a ação dos ventos, a espuma, contaminada biologicamente, se espalha sobre a cidade, impregnando-se na superfície do solo e dos materiais, tornando-os oleosos. Há registros de toda a superfície das ruas centrais da cidade encobertas pela espuma (Figura 11).
Além disso, os detergentes podem exercer efeitos tóxicos sobre os ecossistemas aquáticos (sabe-se que exercem efeito tóxico sobre o zooplâncton, predador natural das algas). Os testes de toxicidade têm sido melhor desenvolvidos e há certa tendência em passarem a ser mais utilizados nos programas de controle de poluição(10).