De acordo com a Resolução CONAMA No 293 de 12/12/2001, que dispõe sobre o conteúdo mínimo dos Planos de Emergência Individual, no Anexo I- Item 3.5.8: os portos organizados, instalações portuárias ou terminais, dutos, plataformas e suas respectivas instalações de apoio, denominadas Instalações, devem descrever os procedimentos previstos para coleta, acondicionamento, transporte, classificação, descontaminação e disposição provisória (in loco e na instalação) e definitiva, dos resíduos gerados nas operações de controle e limpeza do derramamento, em áreas previamente autorizadas pelo órgão ambiental competente.
O gerenciamento dos resíduos abrange a escolha da melhor forma de acondicionamento, segregação e identificação das substâncias de acordo com suas características. Abrange também a adoção de técnicas que minimizem a sua geração, os procedimentos mais adequados para armazenamento temporário e provisório, considerações sobre o transporte e o tratamento e escolha da destinação mais adequada.
Durante atendimentos emergenciais existe um grande anseio por parte do poluidor e também da sociedade, para que os ambientes atingidos sejam limpos o mais rápido possível. A preocupação com a demanda estética em muitos casos se sobrepõe aos aspectos biológico/ecológico e às recomendações técnicas e científicas sustentados por especialistas no assunto. Em situações como essa as ações de remediação podem ser mais danosas aos ecossistemas do que os efeitos do próprio óleo (MILANELLI, 1991; LOPES et al, 1991; LOPES et al, 1994a e 1994b; MILANELLI, 1994 e POFFO et al, 1996).
Os relatórios de registros de atendimentos às ocorrências desta natureza, demonstram que, na década de oitenta e na primeira metade dos anos noventa, o volume de resíduo gerado em acidentes no litoral norte de São Paulo, chegou a ser mais de cinco vezes maior que a quantidade de óleo vazada. Foi o que ocorreu em São Sebastião (SP), com os acidentes dos navios World Galla (01/03/1981), com 60 m3 de óleo vazado para 612 m3 de resíduos gerados em 13 praias afetadas e, Penelope (26/05/1991), com 280 m3 vazados para 1.257 m3 de resíduos de 21 praias (POFFO et al, 1996).
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na praia imprópria para banho
Classificação
Para a disposição dos resíduos é necessário antes caracterizá-lo e classificá-lo e, para tanto devem ser coletadas amostras para realização de análises. A CETESB adota para tal a Norma ABNT NBR 10.007 – Amostragem de Resíduos, a qual fixa as condições exigíveis para amostragem, preservação e estocagem. A caracterização inclui a verificação do seu estado físico, a avaliação de suas propriedades de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade, conforme definido pela ABNT NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação (atalho para www.abnt.org.br), bem como a avaliação da quantidade do resíduo gerado.
Triagem e embalagem
Durante o atendimento aos vazamentos de óleo no mar pode ser adotada a seguinte proposta para triagem, embalagem e acondicionamento dos resíduos.
Embalagem
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Alguns dos materiais mais utilizados têm sido tambores metálicos com tampa, tambores plásticos, sacos de ráfia, sacos tipo big bag para grandes volumes e sacos plásticos de lixo doméstico comum para pequenas quantidades. Recomenda-se que seja feita a impermeabilização do solo por exemplo com lonas plásticas, e/ou que as embalagens sejam reforçadas para evitar contaminação desnecessária de áreas limpas. Quando da remoção de resíduos líquidos oleosos pela praia, deve-se utilizar compartimentos especializados que proporcionem adequado acondicionamento e facilidade de transbordo e transporte considerando-se inclusive o emprego de caminhões a vácuo.
Triagem
Considerando que são gerados diferentes tipos de resíduos em campo, os quais receberão tratamentos diferenciados, é vantajoso executar o processo de triagem que pode ser feito no próprio local de trabalho (praia, faixa do oleoduto, margem de um rio, etc.), desde que haja condições favoráveis como: terreno plano e consistente, distância de corpos d’água e da faixa da maré alta.
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óleo em uma instalação
Segregação e Tratamento
São citados a seguir os tipos de resíduos sólidos mais comumente gerados durante as operações de combate aos vazamentos de óleo:
- Resíduos sólidos domésticos recicláveis não contaminados pelo óleo proveniente das refeições dos trabalhadores da operação de limpeza ou previamente existentes nas praias ou margens de rios;
- Resíduos sólidos não recicláveis e não contaminados constituídos por vegetação terrestre ou marinha, animais mortos entre outros materiais trazidos pela maré, resíduos sólidos diversos (previamente existentes no local ou gerados pelas equipes de limpeza)
- Resíduos sólidos contaminados trazidos pela maré constituídos por resíduos domésticos, vegetação e animais mortos entre outros materiais ;
- Areia levemente contaminada pelo óleo;
- Areia intensamente contaminada pelo óleo;
- Produtos absorventes e adsorventes impregnados com óleo;
- Trapos e panos utilizados na limpeza;
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Identificação e pesagem
Para identificação dos diferentes tipos de resíduos e para evitar mistura com outros resíduos presentes na empresa recomenda-se que etiquetas padronizadas sejam elaboradas previamente contendo os seguintes dados:
– Data, nome da empresa responsável, nome da operação de emergência, origem: nome da praia ou local de onde o resíduo foi removido e município (opcional), tipo de resíduo e peso estimado.
Para a pesagem, sugere-se a elaboração prévia de tabelas contendo nome da operação, data, local (praia e município ou somente município), tipo de resíduo e respectivo volume além da somatória parcial (diária e/ou por município) ou total.
Armazenamento
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Fonte: IPIECA, 1991
Toda e qualquer armazenamento de resíduos contendo petróleo ou derivados deverá ser efetuado de forma a minimizar os riscos de contaminação do meio ambiente. Portanto, deve ser feito em sistemas devidamente projetados e implantados para esse fim, conforme critérios estabelecidos nas normas ABNT NBR 12.235 – ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS – Procedimento e ABNT NBR 11.174 – ARMAZENAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Classe II – não inertes e III – inertes.
Armazenamento temporário
Para ser aceito pelo Órgão de Controle Ambiental, a empresa deverá dispor de um plano de gerenciamento dos resíduos oleosos que contemple a destinação dos mesmos, desde que o período de estocagem não seja superior a 90 dias e, que sejam garantidas condições de proteção ambiental e segurança industrial para o mesmo. Durante a operação de limpeza em campo, o armazenamento temporário dos resíduos oleosos já é uma técnica empregada porém, tem-se observado que é realizada sem muito critério ambiental. Para assegurar maior eficiência no recolhimento dos resíduos, durante o armazenamento temporário recomenda-se:
– revestimento sintético, a ser colocado no local do armazenamento, para fornecer uma contenção secundária e assim, evitar a contaminação do solo;
– caracterização e classificação dos resíduos,
– amostragens do solo e da água subterrânea, após o armazenamento para assegurar uma limpeza adequada do local após a utilização;
– vigilância adequada no local, para evitar descargas não autorizadas de outras fontes, garantindo que este armazenamento não ameace contaminar outras áreas.
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Transporte
De maneira geral, qualquer veículo pode ser empregado para o transporte, desde que sejam adotadas medidas necessárias para evitar transbordamentos ou vazamentos durante o percurso. No transporte dos resíduos oleosos deve-se observar a Norma ABNT NBR 13.221. Para os que forem classificados como perigosos observar o Decreto Federal N° 96.044 de 18/05/1988, a Resolução CONAMA N° 001-A de 23/01/86 e a Portaria Federal N° 204 de 20/05/1997. Os veículos e equipamentos devem portar documentos de inspeção e capacitação, em validade, atestando a sua adequação, emitido pelo Instituto de Pesos e Medidas – IPEM/SP ou entidade por ele credenciada. Devem ainda atender ao disposto na Norma ABNT NBR 7.500 – SIMBOLOGIA. Dependendo da localização geográfica onde foram gerados os resíduos, pode ser necessário transportá-los por via marítima. Deve-se assim adotar também as providências necessárias para sua segurança.
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armazenamento temporário
Para o transporte dos resíduos oleosos deve-se observar a Norma ABNT NBR 13.221 (criar atalho) e para aqueles classificados como perigosos, observar o Decreto Federal no. 96.044 de 18/5/1988, a Resolução CONAMA no. 001-A de 23/1/1986 e a Portaria Federal no. 204 de 20/5/1997.
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por barcaça
Finalmente, a destinação final do resíduo pode ser feita por meio de uma série de técnicas sendo que o poluidor deve submeter o procedimento de destinação ao órgão ambiental competente que avaliará a proposta. Só será realizado o tratamento e destinação após autorização do projeto pelo por este órgão. Para o tratamento e destinação de resíduos recomenda-se observar a Resolução CONAMA n 05 de 5/8/1993 e a Portaria 53 do MINTER DE 1/3/1979.