Os costões rochosos são ecossistemas bastante complexos, especialmente na zona entre-marés, onde as interações entre o ambiente físico e os organismos são intensas. Igualmente, as interações biológicas, especialmente competição e predação, são importantes na determinação dos padrões estruturais da comunidade. Devido a esta intensa dinâmica, os costões rochosos apresentam normalmente elevada variação natural, tanto temporal quanto espacial. Estas heterogeneidades estrutural e funcional intrínsecas aos costões rochosos dificultam a caracterização do ecossistema. Esta dificuldade é ainda maior quando se pretende identificar / quantificar impactos antrópicos no ecossistema, uma vez que é preciso separar a variação natural dos efeitos de um derrame de petróleo, por exemplo.
Programas de monitoramento podem possibilitar a caracterização e diagnóstico das comunidades, bem como a avaliação dos impactos gerados por atividades antrópicas (agudas e crônicas). No entanto, muitas vezes o ruído de fundo gerado pela variação natural dificulta, ou mesmo inviabiliza, a avaliação. Portanto, o sucesso do monitoramento para avaliação dos impactos antrópicos depende de muitos aspectos, especialmente do desenho amostral adotado e das características da comunidade.
Uma vez que programas de monitoramento são caros, demorados e complexos, envolvendo considerável número de pessoas, são muito raros no Brasil, especialmente contemplando grandes redes de amostragem e longos períodos de tempo. No exterior, existem vários programas de monitoramento de costões rochosos, já realizados ou em andamento, entre eles o de Field Studies Council Oil Pollution Research Unit em Sullom Voe e o de Coastal Surveillance Unit, em North Wales, ambos no reino Unido.
Derrames representativos ocorridos no litoral de São Sebastião, na área de ação do Terminal Petrolífero Almirante Barroso da Petrobras (DTCS), tem ocorrido, atingindo praias e costões da região.
A CETESB iniciou em 1993 um programa de caracterização das comunidades de costão rochoso no canal de São Sebastião, como subsídio para o monitoramento e avaliação de impactos causados por derrames de óleo nesses ambientes. De novembro de 1992 a abril de 1996, 17 costões foram sistematicamente monitorados em Ilhabela e São Sebastião, em 16 campanhas de amostragem. Nesta primeira fase, os dados foram trabalhados descritivamente e com o uso de análise multivariada com o objetivo de caracterizar as comunidades, as variações sazonais e temporais, bem como buscando identificar padrões e gradientes. Estes dados de base estão sendo usados na avaliação dos impactos dos derrames na região.
Atualmente as informações estão sendo trabalhadas e refinadas, as quais deverão alimentar um banco de dados que subsidiará avaliações dos impactos de futuros derrames na região monitorada.